quinta-feira, 27 de julho de 2017

Um filme que mais parece uma orquestra perfeitamente conduzida - Veludo Azul (1986) Critica/Analise

[Sem Spoiler]

O tipo de filme que já começa com planos belíssimos que demonstra a destreza do diretor em conduzir o ritmo, o elemento narrativo principal do filme, na verdade, de qualquer bom suspense investigativo, que torna a curiosidade do espectador cada vez mais intensa a medida que os elementos da trama são revelados.

As relações sociais aqui, apesar de reduzidas, são muito bem conduzidas não apenas através dos diálogos, mas também dos olhares, da postura, que transmite uma verdade quando os personagens se encontram e interagem.

Vale destacar também a decoração do ambiente em que os personagens estão e as cores presente, que geralmente sugere um aspecto subjetivo, como o preto e cinza, ou os tons de vermelho -bem mais presente- que geralmente indicam um sentimento de rancor e ódio ali, também sugerem que esse local ou pessoa participará de um acontecimento violento.

Outro elemento que merece atenção é a trilha sonora, que não apenas conduz o ritmo do filme, mas nos faz querer imergir cada vez mais naquela historia, como uma boa orquestra perfeitamente conduzida, apenas relaxe e deixe-se levar por essa obra prima do diretor David Lynch.

8/10

quarta-feira, 26 de julho de 2017

O contraste da inocência em provento da vingança - Lady Vingança (2005) Critica/Analise

[Sem Spoiler]

Uma das obras com mais contextos subjetivos do diretor Chan-wook Park. Em contrapartida de Oldboy que possui uma narrativa mais suave, com planos que demonstram a preocupação do diretor em transmitir as cenas de forma mais memorável, através de sequencias bem construídas e organizadas, Lady Vingança se expressa através de recursos mais discretos, como decoração do ambiente, vestimenta dos personagens, iluminação, tudo isso para que o espectador não apenas perceba mas se sinta num ambiente conflituoso, de dilemas morais e jornada pessoal. O dilema moral deste filme foi um dos fatores que mais me cativou, sem falar nas belas montagens de cenas e planos, a habilidade do diretor em encaixes narrativos através do posicionamento da câmera que segue com destreza a progressão dos acontecimentos, é magnifico.

Magnifico também foi os elementos discretos a favor do enredo, que no decorrer do filme se acentuaram cada vez mais, como por exemplo, o diretor iniciar o filme sugerindo uma certa perversidade na personagem, que vai se esvaindo a medida que ele apresenta sua trajetória ate o presente momento, mostrando sua experiencia quando encarcerada, sua ligação mais emocional com amigos e principalmente sua filha, apesar de nossa perspectiva sobre a personagem principal ser duvidosa, pois ate o momento final a pergunta é ''essa perversidade sugerida esta bem abaixo de seu aspecto moral e convicções ou apenas demonstra uma mudança pessoal''.

Não obstante, a certeza de que a perversidade de Lee Geum-ja se tornou sua essência se esvai, pois uma das suas características menos discreta e observada por terceiros dentro da trama, toma um rumo bem mais decorativo e menos subjetivo no desfecho.

Agora o dilema moral que me cativou foi o que ocorre no terceiro ato, onde vários personagens terão que tomar uma decisão questionável sobre os limites do que é justo, e suas experiencias pessoais de vitima como fator punitivo, algo mais pessoal e sentimental, e assim Lady Vingança demonstra que a justiça é discutível se elevado aos limites - ou alem - da barbaridade e perversidade humana.

7/10